terça-feira, 4 de setembro de 2012

Homeopatia em frangos de corte criados em sistema de semi-confinamento alternativo


A carne de frango produzida em sistemas alternativos ao industrial tem uma demanda crescente pelos consumidores. Entretanto, as linhagens caipiras existentes são de crescimento lento e baixa conversão alimentar, comparadas às linhagens industriais, o que onera a produção. Já o uso de frangos de linhagens industriais em sistemas “alternativos” tem como limitação a necessidade de uso de antibióticos e coccidiostáticos na ração. O presente experimento objetivou avaliar a eficácia de medicamentos homeopáticos no desempenho e saúde de frangos de corte criados com acesso a pasto. Dois grupos de 90 frangos da linhagem industrial Cobb foram aleatoriamente alocados, a partir dos 21 dias de vida, a três tratamentos: Controle (CN), Calcarea carbonica CH12 (CC) e Calcarea phosphorica CH12 (CP), num desenho de blocos completamente casualizados em duas etapas. Em cada etapa havia três blocos, totalizando seis repetições por tratamento, cada uma formada por um lote de 10 frangos, alojados numa baia de 4m2 com 6m2 de pasto. O experimento foi realizado no verão de 2008, no Setor de Avicultura do Centro de Ciências Agrárias da UFSC. As aves foram pesadas aos 21 dias e semanalmente até o abate aos 49 dias. Após o abate, também foram pesados carcaça, coração, fígado, moela e pés. Na segunda etapa, na semana que antecedeu a transferência dos animais do pinteiro para as baias, houve fortes chuvas, o que deve ter provocado estresse nos pintos, que aos 21 dias, pesaram 523g, enquanto na primeira etapa o peso nessa idade foi de 893g. Assim, houve diferença entre etapas no peso final (Etapa 1 = 3469,5 ± 38,4g, Etapa 2 = 3348,1 ± 40,0g; P<0,03), sendo que na etapa 2 o ganho de peso dos animais foi superior (Etapa 1 = 2576±38g; Etapa 2 = 2825±38g; P<0,0004). Não houve diferenças nem entre etapas, nem entre os tratamentos para as variáveis: peso de carcaça, pés e moela (P>0,40). Já o fígado e coração foram significativamente mais pesados na etapa 2 (P<0,01). O maior peso de fígado e coração na segunda etapa pode ser interpretado como um indicador de maior atividade metabólica desses órgãos, coincidente com o maior ganho de peso. Em ambas as etapas o peso do fígado foi menor (P<0,05) no tratamento com Calcarea carbonica. O menor peso de fígado observado nas aves tratadas com Calcarea carbonica, pode estar associado a uma redução à suscetibilidade ao estresse, no entanto são necessários novos estudos para confirmar este efeito. Conclui-se que a homeopatia utilizada não teve efeito no desempenho de frangos de corte de genética industrial criados em sistema de semi-confinamento. Esses resultados também sugerem a possibilidade da criação de frangos de genética industrial sem aditivos e antibióticos, e num sistema de semi-confinamento ou “alternativo”, desde que se garantam condições profiláticas e instalações adequadas.

Rosane Amalcaburio. Laboratório de Etologia Aplicada - LETA, Dissertação de mestrado   de Agroecossistemas CCA-UFSC (2008). 

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