domingo, 3 de fevereiro de 2013

Rede Nacional de Pesquisa em Pasto Arborizado para o Brasil Pecuário – RNPA: melhorando o ambiente, garantindo a produtividade


A bovinocultura deixou de ser uma eventual exportadora para tornar-se grande fornecedora no mercado mundial e portanto fonte de divisas ao país e competidora importante com outros tradicionais exportadores.
Apesar do crescimento esta atividade ainda apresenta problemas importantes como o controle da aftosa e as inúmeras áreas de pastagens degradadas ou em estágio inicial de degradação estimada em cerca de 50% dos 105 milhões de hectares de pastagens cultivadas no Brasil atualmente. Por outro lado, temos a grande vantagem de possuirmos um sistema de alimentação com base na produção a pasto.
Urge então, a necessidade de se estabelecer sistemas de produção em bases sustentáveis que coloquem a bovinocultura brasileira no cenário mundial como socialmente benéfica, economicamente viável e ambientalmente adequada. Nesse sentido os sistemas silvipastoris que associam o componente arbóreo às atividades de pecuária adquirem uma importância sem precedentes. Sua importância passa a ser, ainda maior, quando implementados em regiões onde os diversos estágios de degradação das pastagens associam-se a uma intensa fragmentação e insulamento de remanescentes florestais naturais; nesses casos eles atuam servindo como corredor/trampolim biológico, auxiliando no ligamento destes remanescentes e dos habitats existentes.
Os sistemas silvipastoris são percebidos como uma opção para reverter processos de degradação das pastagens, pois podem aumentar a proteção física do solo e contribuir para a recuperação da fertilidade, em especial, se incluir árvores fixadoras de nitrogênio. As raízes profundas das árvores aproveitam melhor a água do solo e reciclam nutrientes. Além disso, eles auxiliam a controlar a erosão, reduzir danos causados por intempéries climáticas, melhorar a qualidade de forragem e mitigar o efeito de condições climáticas extremas como geada e/ou estiagem, além de promover a biodiversidade vegetal e animal e facilitar o processo de recarga de aquíferos. O resultado é uma pecuária mais intensiva e mais sustentável.
O aumento da complexidade ambiental interna, promovido pela introdução de árvores numa área de pastagem convencional, pode favorecer a biodiversidade pela maior diversidade de espécies que poderá suportar nos diferentes nichos que se formarão. Assim, a pecuária brasileira poderá consolidar-se como ambientalmente adequada no cenário mundial, beneficiando sobremaneira ao grande contingente de produtores rurais que tem na bovinocultura sua atividade produtiva.
Conscientes da necessidade de aperfeiçoar atividade pecuária no Brasil a Embrapa sob a coordenação da Embrapa Florestas e apoio irrestrito de suas co-irmãs Embrapa Gado de Leite, Embrapa Gado de Corte, Embrapa Pecuária Sudeste e Embrapa Pecuária Sul; Embrapa Acre; Embrapa Amazônia Oriental e Embrapa Caprinos iniciaram um processo visando o estabelecimento de uma rede de pesquisa e transferência de tecnologias silvipastoris visando o compartilhamento, de competências, infraestrutura e recursos financeiros de diferentes instituições de pesquisa nacional.
Com a criação da RNPA – um arranjo físico multiinstitucional em busca do compartilhamento de recursos e a complementariedade de competências de modo a permitir ações nas diferentes regiões brasileiras - será estabelecido um portfólio de projetos de pesquisas definidas de forma consensual pelas instituições, grupos ou núcleos que lhe comporão e atualização contínua do mesmo. Além disso a RNPA possibilitará os seguintes benefícios adicionais: a) estabelecimento de um banco de dados experimentais compartilhado entre as instituições; grupos ou núcleos participantes da rede; b) implantação de unidades de pesquisa permanentes, em pastos arborizados, com a finalidade de um sistema de monitoramento sócio-econômico e ambiental dos sistemas;c) divulgação de resultados em diversos níveis de informação, para diferentes públicos.

Vanderley Porfírio - Pesquisador - EMBRAPA/CNPF

fonte: http://www.agronline.com.br/artigos/artigo.php?id=307

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