"A vida não se apossa do globo pelo combate, mas sim, pela formação de redes." (Margulis & Sagan)
sexta-feira, 30 de março de 2012
Hierarquia social e uso de sombra por vacas leiteiras: Impacto nos parâmetros fisiológicos e comportamentais.
Resumo
As interações entre comportamento social e recursos ambientais, tais como a sombra, podem influenciar o bem-estar e o desempenho de vacas leiteiras criadas a pasto. Quando os recursos são limitados, a competição pode levar à exclusão de alguns animais, sendo que a qualidade do recurso em disputa também pode afetar a intensidade da competição. Para testar esses aspectos, foi realizado um estudo com objetivo de avaliar a influência da hierarquia social no uso de sombras de diferentes tipos e densidades, e, também, verificar as consequências no comportamento e fisiologia das vacas. Foram utilizadas 18 vacas das raças: Holandês, Jersey e mestiças, separadas em quatro grupos de 4 ou 5 animais, balanceados por tipo racial, idade e peso. O desenho experimental utilizado foi o quadrado latino, com quatro tratamentos envolvendo dois tipos de material sombreante e duas áreas de sombreamento: Sombrite 6 m² (S6), Sombrite 18 m² (S18), Telha 6 m² (T6) e Telha 18 m² (T18). Os grupos foram observados simultaneamente por 4 observadores, durante 12 dias para cada tratamento, no período das 10 às 15 h. A cada 5 minutos, os comportamentos das vacas foram registrados como instantâneos e as interações agonísticas foram anotadas como eventos toda vez que ocorriam. As medidas de frequência respiratória (FR) e temperatura de pelame (TP) foram coletadas 3 vezes ao dia. A temperatura retal (TR) foi coletada durante as ordenhas matutinas e vespertinas. Os resultados foram submetidos à análise de variância. A FR foi maior no tratamento S6 (P<0,01). As vacas ruminaram mais nos tratamentos T6 e T18 (P<0,05) e as vacas dominantes e intermediárias permaneceram em ócio por mais tempo do que as subordinadas (P<0,01). Não houve diferença no tempo de uso da sombra em ambos os tratamentos T6 e T18 por vacas dominantes (84%; 87%) e subordinadas (75%; 81%), respectivamente. Já em ambos os tratamentos S6 e S18, as vacas subordinadas ficaram menor tempo na sombra (50%; 45%) do que as dominantes (89%; 87%) e intermediárias (69%; 82%), respectivamente. No entanto, ocorreu maior incidência de interações agressivas nos tratamentos S6 e T6. Conclui-se que há efeito da posição hierárquica no uso da sombra em vacas leiteiras, mas esse efeito depende da forma e da qualidade com a qual foi disponibilizado o recurso. O tratamento T18 proporcionou maior tempo de uso simultâneo e menor competições entre as vacas.
Camila Pellizzoni - Mestre em Agroecossistemas
Texto completo: Biblioteca da UFSC http://www.tede.ufsc.br/teses/PAGR0275-D.pdf
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